Quantas vezes ouvimos alguém nos dizer que somos engraçados, como se a nossa maneira de ser fosse uma espécie de espetáculo cômico para os outros? Para mim, essa palavra às vezes soa como uma camuflagem para algo mais profundo. Talvez seja engraçado o fato de eu expor meus sentimentos, de falar o que sinto e penso. Em um mundo onde a sinceridade está fora de moda, isso pode ser visto como um desvio de comportamento ou, para alguns, algo digno de risada. Engraçada porque não consigo engolir a mentira desnecessária, aquela que surge sem motivo, apenas para mascarar algo que poderia ser resolvido com um simples “não” ou “sim”. A verdade pode parecer dura, mas eu prefiro a dor de um instante de sinceridade a um sorriso moldado na ilusão.
Sim, sou engraçada. Sou careta. E assim quero ser.
Não quero seguir o fluxo, não quero fazer parte de uma sociedade onde todos estão ocupados em se encaixar, em fazer parte de uma moldura pré-estabelecida. Quero questionar, quero ser a voz que desafia o padrão, o comportamento esperado. Quero gritar quando algo não faz sentido para mim, não quero apenas aceitar o que é jogado no meu colo como se fosse a única verdade existente. Sim, sou careta. E que mal há nisso?
Viver sem questionar é viver na superfície, aceitando tudo o que aparece sem sequer se perguntar se aquilo é verdade para você. Não estou falando de revolta por revolta, de ser do contra só por ser, mas de uma necessidade genuína de entender, de ir mais fundo, de explorar as camadas ocultas da vida e de mim mesma. Quando me expresso, não faço isso para provocar risadas, mas para buscar uma conexão verdadeira com o que sinto e com as pessoas ao meu redor.
Questionar é um caminho que, embora desconfortável, pode ser profundamente transformador. Questiono porque quero mudar, quero melhorar. Afinal, como vou crescer se não for desafiando as minhas próprias verdades? Como vou evoluir se apenas aceito tudo o que me dizem, sem me permitir o espaço de duvidar e de encontrar respostas próprias? Talvez seja engraçado para alguns o fato de eu não ter respostas prontas, de não me encaixar num estereótipo de quem tem a vida resolvida. Mas quem realmente tem?
Talvez seja engraçado porque questionar o mundo ao redor frequentemente nos leva a questionar a nós mesmos. E, convenhamos, ninguém gosta muito de olhar para os próprios erros, fraquezas e contradições. Quando me permito questionar, estou me dando a chance de enxergar onde posso melhorar. Talvez o que pareça “engraçado” para alguns seja apenas o reflexo de uma vida mais sincera, mais honesta, onde o humor é só uma das várias formas de expressar a verdade.
Eu sei que às vezes não conseguimos enxergar nossos próprios erros, e é aí que entra a necessidade de parar e refletir. Quando nos permitimos o questionamento, começamos a abrir portas para novas formas de ser e estar no mundo. O problema é que muitas vezes nos tornamos prisioneiros de nossas próprias certezas, e é isso que impede a mudança. Quero mudar o que preciso mudar em mim, e a única maneira de fazer isso é através do questionamento constante.
A verdade é que somos seres complexos, cheios de camadas. E, sim, é preciso coragem para encarar isso de frente. Talvez para alguns, essa coragem seja vista como teimosia ou, quem sabe, até humor. Mas para mim, é apenas uma maneira de ser verdadeira comigo mesma. Não quero passar pela vida como uma espectadora passiva, simplesmente aceitando tudo o que me é dado. Quero ser ativa na construção da minha própria história, e isso implica questionar, gritar, sentir, mudar. E se isso me faz engraçada aos olhos dos outros, que seja.
No final, talvez a “graça” esteja justamente nisso: em não me conformar, em buscar sempre mais. Em ser uma eterna aprendiz da vida, mesmo que isso signifique passar por momentos desconfortáveis de auto confronto.
🌹 Engraçada, eu? Sim, sou. Mas apenas porque escolho não ser indiferente. Um abraço carinhoso, Diana Prado.